18 May 2011

O sonho europeu acabou?

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Ontem assisti a um debate promovido pela IQ2 na Royal Geographic Society acerca do futuro da Europa, mais particularmente sobre o diminuído desejo dos Alemães de liderarem a União. Será que os Alemães ainda precisam da Europa?

Fui atraído pelo calibre dos oradores, incluindo o ex-presidente Françês Valérie Giscard D'Estaing (o pai da 'falecida' constituição europeia) e um dos meus historiadores favoritos Timothy Garton Ash. Mas inevitavelmente o debate resvalou para a questão dos países "periféricos" como a Grécia, Irlanda... e Portugal.

O debate foi excelente (fotos aqui) mas uma das citações que retenho mais claramente foi de Valérie D'Estaing, que questionado sobre o problema da Europa declarou que a "qualidade dos políticos já não é o que era", e que "é preciso um novo sonho europeu". A ausência desse sonho, de um plano e de uma visão é o que assusta na Europa de hoje. Em paralelo, em Portugal a questão da dívida e a pequenez dos políticos tirou-nos a capacidade de sonhar alto, de ver mais longe e de ter ambição.

"You have to dream a little, non?"

4 comments:

  1. gostava igualmente de ter assistido...;-(
    é preciso reflectir sobre o que se passa hoje e como não nos revemos (esta geração) nos políticos e politicas que para aí andam...

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  3. O sonho europeu apareceu num contexto muito específico da nossa história. Então a pergunta a fazer é, porquê é que já não serve? Será que a sua origem estava agarrada ao contexto histórico? Será que o sonho devia de ser para a humanidade e não apenas para os europeus? Esperarmos por um novo sonho não será estarmos à espera de mais do mesmo? Não será que existir um só sonho seja limitar as opiniões de muitos?

    Haverá concerteza quem pense que aparecerá alguém com um novo "sonho" para todos. Eu acho que apenas mais do mesmo, acho que não funciona.

    Acredito num futuro que irá emergir da sociedade civil e que o sistema político actual está prestes a implodir. As manifestações de rua apartidárias que temos visto pelo mundo fora, ainda que potenciadas pelas redes sociais ou pelos media, demonstram que as pessoas não se revêm nos sistemas que os "governam". Demonstram mais ainda, que tendo a possibilidade de participar activamente fazem-no e sem medo.


    Para vos dar contexto ao que me refiro, trancrevo alguns parágrafos retirados do "www.movimentomanifesto.net":

    "(...)
    O nosso sentir é químico, atómico, vem do ambiente com o qual estamos em permanente interacção, numa dança eterna. O nosso entender emerge da vida, da consciência que o nosso cérebro faz surgir. Desta consciência resulta o acto de conhecer – o que sabe um homem de si ? Entendemos o mundo com as representações (modelos) que o nosso cérebro faz a partir do que sentimos, este sentir com todos os sentidos. O nosso entendimento é assim limitado por nós próprios e o conhecimento subjectivo. Acresce que comunicamos com linguagem (mais modelos).

    E que modelos são esses ? São modelos incutidos por educação, por cultura, por instrução, por socialização, … modelos que nos fazem acreditar numa forma de organizar as sociedades, a todos os níveis, onde uns fazem e outros pensam, organizam… os que fazem não se preocupam, pois os que pensam vão pensar numa solução; modelos que nos fazem acreditar que tudo pode ser entendido pelas partes que constituem o todo, que se funciona aqui então podemos extrapolar que vai funcionar acolá; modelos que nos dizem que os seres humanos podem ser classificados em torno de propriedades suas como raça, idade, sexo, local de nascimento, posses económicas, …

    Os modelos são excelentes, mas são modelos. Tem as suas fronteiras, os seus domínios de aplicação. Precisamos ter a consciência da natureza do modelo. Podemos saber muitos ou apenas 1, é irrelevante, desde que saibamos sempre que há um limite para cada um desses modelos e que pode haver outros modelos alternativos (podemos só saber uma lingua, o que não nos deve levar a concluir que quem fala uma língua diferente da nossa não comunica).

    Estamos confusos, pois a análise que estamos a fazer com os modelos que temos não esta a explicar o que vemos. Estamos confusos pois os modelos que temos estão a conduzirmos para acções que, em vez de melhorar, a maior parte das vezes piora, muitas vezes melhorando no curto-prazo primeiro.

    Precisamos de novos modelos! Vamos ter que esperar que eles possam ser criados ? E quem os vai criar ?

    (...)"

    O sonho europeu... não será apenas mais um modelo, que na altura que apareceu era partilhado por muitos e que agora já não faz tanto sentido?

    Estão a aparecer muitos "sonhos" ou modelos de ver as coisas. Emergem de uma sociedade civil, activa, jovem e preocupada.

    Cada um de nós só tem de ver qual é o melhor para nós ou na ausência de...criar um novo, agir.

    Relembro que o meu caminho até este comentário é feito com o meu modelo mental, e como tal vale o que vale.

    Convido-vos a ver apenas este video, que mostra o potencial escondido nas redes sociais e nos media. Também é giro ver para quem tem filhos ;)

    http://www.ted.com/talks/deb_roy_the_birth_of_a_word.html

    PS: Bernas, o link das fotos não está bom. :)

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  4. Já corrigi o link das fotos, obrigado.

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